Postos de saúde e escolas iniciam vacinação contra HPV
Na segunda-feira (10), postos de saúde e escolas públicas e privadas
iniciam a vacinação contra HPV em meninas de 11 a 13 anos. A meta do
Ministério da Saúde é vacinar 80% do público-alvo, formado por 5,2
milhões de meninas nessa faixa-etária. O vírus HPV é a principal causa
do câncer do colo de útero, terceiro tipo mais frequente entre as
mulheres, atrás apenas do de mama e de cólon e reto. A presidenta da
República, Dilma Rousseff, e o ministro da Saúde, Arthur Chioro, darão
início à vacinação em cerimônia, nesta segunda-feira (10), no Centro de
Ensino Unificado Professora Elisabeth Gaspar Tunala, em São Paulo (SP).
Para
garantir maior cobertura vacinal, o Ministério da Saúde recomenda que a
primeira dose (de um total de três) seja aplicada nas escolas públicas e
privadas que aderiram à estratégia. A vacina – que passa a integrar o
calendário nacional - também estará disponível nas 36 mil salas de
vacinação da rede pública de saúde durante todo o ano. A segunda será
aplicada com intervalo de seis meses e a terceira, de reforço, cinco
anos após a primeira dose.
As
secretarias municipais de Saúde foram orientadas a programar a
vacinação nas escolas a partir desta segunda-feira (10). As instituições
de ensino devem informar, com antecedência, aos pais ou responsáveis a
data de vacinação. Tanto no ambiente escolar como nos postos de saúde, a
vacina será aplicada por profissionais de saúde.
Os
pais ou responsáveis que não quiserem que a adolescente seja vacinada
deverão preencher e enviar à escola o termo de recusa distribuído pela
instituição de ensino antes da vacinação. No caso das unidades de saúde,
é importante que a adolescente apresente a caderneta de vacinação. Para
assegurar a aplicação das três doses, o serviço de saúde vai registrar
cada adolescente imunizada, monitorar a cobertura vacinal e realizar, se
necessário, a busca ativa das meninas.
ESQUEMA
VACINAL - O esquema adotado pelo Ministério da Saúde é chamado de
“estendido” e composto por três doses. Recomendado pela Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e utilizado em países como Canadá,
México, Colômbia e Suíça, o modelo garante maior duração da proteção
fornecida pela vacina.
Ao
iniciar a imunização, seja na escola ou no posto de saúde, a
adolescente receberá orientações sobre a administração da segunda dose,
que ocorrerá na unidade de saúde. Neste ano, serão vacinadas meninas de
11 a 13 anos.
Em
2015, a vacina passa a ser oferecida para as adolescentes de 9 a 11 anos
e, em 2016, às meninas que completam nove anos. Com isso, o Brasil, em
apenas dois anos, protegerá a faixa etária (meninas de 9 a 13 anos) que
melhor se beneficia da proteção da vacina.
PROTEÇÃO
- O Ministério da Saúde adquiriu 15 milhões de doses para o primeiro
ano de vacinação. A vacina utilizada é a quadrivalente, que confere
proteção contra quatro subtipos (6, 11, 16 e 18) do HPV, dos quais dois
(subtipos 16 e 18) são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer
de colo do útero em todo mundo.Usada como estratégia de saúde pública
em 51 países, a quadrivalente é recomendada pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) e tem eficácia de 98% contra o vírus HPV.
A
vacinação é o primeiro de uma série de cuidados que a mulher deve
adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero. Ela não
substitui a realização do exame preventivo e nem o uso do preservativo
nas relações sexuais. O Ministério da Saúde orienta que mulheres na
faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau,
a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos negativos.
CAMPANHA
– O Ministério da Saúde iniciou, neste sábado (8), veiculação da
campanha publicitária para orientar a população sobre a importância da
prevenção contra o câncer do colo de útero em TV, rádios e jornais. Com o
tema “Cada menina é de um jeito, mas todas precisam de proteção”, as
peças convocam as adolescentes para se vacinar e alertam as mulheres
sobre a prevenção.
As
informações são veiculadas por meio de cartazes, spot de rádio, filme
para TV, anúncio em revistas, outdoors e campanhas na internet,
especialmente nas redes sociais. O investimento do Ministério da Saúde
na campanha publicitária é de R$ 20 milhões.
PRODUÇÃO
NACIONAL - Para a produção da vacina contra o HPV, o Ministério da
Saúde firmou Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o
Instituto Butantan e o laboratório privado Merck Sharp & Dohme
(MSD). Será investido R$ 1,1 bilhão na compra de 41 milhões de doses da
vacina durante cinco anos – período necessário para a total
transferência de tecnologia ao laboratório brasileiro. A PDP
possibilitou uma economia estimada de R$ 83,5 milhões na compra da
vacina em 2014. O Ministério da Saúde pagará R$ 31,02 por dose, o menor
preço já praticado no mercado.
O
HPV é um vírus transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas
infectadas por meio de relações sexuais. Por tratar-se de um vírus que
se transmite com muita facilidade, considera-se que o HPV seja a
infecção sexualmente transmitida mais comum no mundo, com quase todas as
pessoas sexualmente ativas tendo contato com o vírus em algum momento
da sua vida.
Na
grande maioria, o HPV cura-se espontaneamente, mas em algumas mulheres
eles produzem lesões que podem desencadear o câncer de colo do útero. O
HPV também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto.
Estima-se que 270 mil mulheres, no mundo, morrem devido ao câncer de
colo do útero. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima o
surgimento de 15 mil novos casos e cerca de 4,8 mil óbitos nesse ano.