CONTA DE ENERGIA VIRÁ COM TAXA EXTRA MAIS ALTA EM OUTUBRO

A situação dos reservatórios do país é tão crítica que a vazão é a pior da história do setor elétrico, anunciou, nesta sexta-feira (29/9), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com isso, a bandeira tarifária vai passar de amarela, em vigor em setembro, para vermelha patamar 2, em outubro. A sinalização representa cobrança adicional de R$ 3,50 para cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos. Em média, os brasileiros consomem 160 kW/h por mês, o que representará acréscimo de R$ 5,60 na fatura de energia. 

O diretor geral da Aneel, Romeu Rufino, afimrou que a situação hidrológica é muito desfavorável. “É o pior setembro do ponto de vista de vazão da história do setor elétrico, desde 1931, portanto há 86 anos”, ressaltou. Ele explicou que a vazão é a Energia Natural Afluente (ENA), ou seja, a água que chega aos lagos das barragens. “As primeiras chuvas não correm diretamente para os reservatórios porque o solo está muito seco. A água demora para encharcar a terra e provocar a vazão”, esclareceu.

Rufino destacou que o armazenamento é crítico desde 2014. O que limita a geração de energia com base nas usinas hidrelétricas. “É uma situação adversa, mas não teremos risco de desabastecimento”, garantiu. No passado, o país era quase totalmente dependente de energia hidrelétrica. “Hoje temos uma diversificação muito grande, com capacidade instalada em eólicas e térmicas. Mas a energia fica mais cara”, disse. 

A bandeira tarifária vermelha patamar 2 nunca tinha sido acionada antes, desde que a Aneel criou dois níveis, em janeiro de 2016. Mas não é o maior valor em termos de acréscimo nas contas de luz. Em 2015, o patamar único da cor vermelha representava custo extra de R$ 5,50 a cada 100 kWh consumidos. 

Rufino afirmou que, em função da situação crítica, o Brasil vai importar cerca de 1 mil megawatts (MW) médios da Argentina. “Nós já importamos do Uruguai, aproximadamente 400 MW médios. Agora, foi autorizado importar também da Argentina, sempre despachando da mais barata para a mais cara”, explicou. 

Com a autorização emitida, basta os comercializadores de energia demonstrarem interesse, declarem o preço que vão cobrar e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avaliar se a importação se justifica. O diretor da Aneel solicitou a colaboração dos consumidores. “Sabendo que o recurso está escasso, todo mundo pode ajudar, evitando desperdício. A energia mais barata é aquela que é economizada”, alertou.