ITAPECURUENSES NOTAVEIS


 ALDACY RAPOSO NASCIMENTO

A cidade de Itapecuru Mirim, berço de inúmeros intelectuais, histórica pela cultura de seus filhos, que se destacaram e destacam-se na vida como: artistas, jornalistas escritores, poetas, matemáticos, cientistas, políticos, desbravadores, berço também de luta sindical, de tantos irmãos que se doaram pela melhoria de classes oprimidas, terra de homens e mulheres corajosos e vencedores. Entre ilustres itapecuruense, temos a professora Aldacy Raposo.

ALDACY RAPOSO NASCIMENTO é o nome da primogênita de Antônio Altair Montelo Raposo e Teresa de Jesus dos Santos Raposo, nasceu em Itapecuru Mirim em 25 de julho de 1930. Fez seus primeiros estudos com a professora Mariana Luz, se destacando sempre em matemática, nas sabatinas realizadas aos sábado, uma característica da família Raposo, a paixão pela Matemática.

Foi em Itapecuru que Aldacy viveu sua primeira infância, que faz questão de manter viva em sua memória. A casa dos seus avós na Rua do Egito, de comércio e beneficiamento de arroz, o avô libanês apelidado “Domingo Taliano” sendo seu nome original  Karam Assef Noporium e sua avó, a cearense Luisa Sampaio dos Santos: o casarão de oito portas, o cinema mudo, passado no salão cedido por sua avó viúva, também encenações de circos, apresentados na  varanda, nos dias de chuvosos,  onde as pessoas traziam  cadeiras de suas casas para a acomodação, o leite mugido tirado e tomado na hora, as lendas de pessoas que viravam “bicho” as “visagens” brincadeiras de porta, dos vizinhos. Relembra as famílias de dona Rafisa Buzar, os Nahuz, os Fiquenes, Raimundo Telegrafista, Newton Neves “padre Newton” como era chamado, o Newtinho, seu colega de serviço (Hospital Dutra) dona Carlotinha, João Elias, os tios Miguel Ahid e Jorge Assef  e muitos outros.

 A família mudou-se para São Luis, em 1939, fixando residência no bairro do Anil, passando Aldacy e seus irmãos, a estudar no colégio das freiras Franciscanas, atual Divina Pastora, concluindo o curso Normal no Colégio Santa Teresa.Mesmo morando em São Luis, o seu pai continuava com negócios em Itapecuru Mirim, o que proporcionava a menina Adacy, sempre voltar à cidade natal, para matar saudades dos amigos, relembrando, as viagens de trem, o bonde com tração animal (burros) que transportava pelos trilhos, da estação ao rio, evitando sujar os sapatos de lama, a travessia pela ponte flutuante, “Ponte de Minhoca” a alegria do reencontro com familiares e amigos.

Vale lembrar ainda, que o casarão de seus avós, conhecido como “Furna da Onça” foi vendido ao Senhor José Félix de Sousa “Cabocal” em 1953 e encomendada a demolição a José Félix, irmão e afilhado do Cabocal e Domingos Preto.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Em 1948 foi classificada para a primeira turma do curso de Enfermagem em implantação, que funcionava no Hospital Geral. Pela dificuldade de encontrar professores na época, antes mesmo de concluir a faculdade,  em 1950, já estava ensinando nas turmas em iniciação de Enfermagem, começando aí a sua jornada de 40 anos de docência na Universidade Federal do Maranhão, até 1990 quando se aposentou.

Graduou-se em 1952, e imediatamente foi convocada para trabalhar como Enfermeira no Hospital Presidente Dutra que estava sendo instalado em São Luis, no Governo de Getúlio Vargas. Em 1953 os futuros funcionários do hospital, foram para o Rio de Janeiro, fazer treinamentos e especializações, sendo que as enfermeiras ficaram hospedadas na Escola Ana Neri e estagiaram em vários hospitais da Capital Federal, para atuar como pioneiras no novo Hospital, por incentivo e orientação do Senador Henrique La Roque, um dos fundadores do Hospital Dutra, de propriedade do IAPC ( Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários) Sempre em busca de maior conhecimento, em 1955 ingressou no Curso de Serviço Social, graduando-se em 1958.

Como Assistente Social, ensinou no curso de Serviço Social e trabalhou no SESI, dando acompanhamento social às centenas de famílias das fábricas “Rio Anil” “Santa Isabel” e “Cânhamo” e no SENAC  assistindo  menores que trabalhavam no comércio local e estudavam na instituição .

Não é fácil definir Aldacy. Sei que é uma pessoa dotada  de muito amor e sensibilidade, dimensão de grandeza superior. As duas graduações foram importantes na sua vida. Na Enfermagem possibilitou lidar com vidas, salvando-as ou minimizando sofrimentos de enfermos e ainda ensinando várias gerações para o sacerdócio da Enfermagem. No Serviço Social, abraçou a causa no trato dos mais desfavorecidos, os necessitados, idosos, abandonados, dando apoio, levando alegria, conforto, evangelização, incentivo no posicionamento como ser humano, nossos irmãos.

A VIDA, A FAMÍLIA E OS OUTROS.

Em 1961 casou-se com o ex seminarista também professor José Ribamar Nascimento, oriundo de Pastos Bons. Tiveram sete filhos, e como ambos são de cidades do interior, estiveram sempre com a casa cheia, de estudantes,  de Itapecuru,  de Pastos Bons e outros lugares. Para citar alguns, de Itapecuru: Jucelina Barbosa Santos (médica) Astrogildo Sampaio (engenheiro Civil), de Pastos Bons: Maria Augusta contabilista in memorian Henrique Nascimento (engenheiro civil). Com alegria, Aldacy e Nascimento contabilizaram quinze jovens que moraram em sua casa, vindos do interior do Estado, que os acolhiam, servindo de ponte, para a conquista do mercado de trabalho.

Aldacy é uma pessoa muito simples e bondosa. Sempre foi exemplo de competência e dedicação em sua vida profissional, tudo fazendo pelo engrandecimento da profissão, como testemunham seus ex alunos, a capacidade da mestra. Na família sempre foi o ponto inicial e final de todos os acontecimentos, de cada membro, sempre foi o centro de gravidade, nada é resolvido sem que Aldacy seja ouvida.Na juventude, pelos anos 60 participou de várias produções teatrais com outros jovens de São Luis, movimento que objetivava restaurar o prestígio do Maranhão no teatro, ao lado de Fernando Moreira, Lago Burnet, Ubiratan Teixeira, Reinaldo Faray e tantos outros amantes das artes cênicas.

Como cristã, sempre militou nos movimentos eclesiais. Na juventude participou ativamente da JUC (Movimento Universitário Cristão) depois passou a atuar junto com seu esposo, no MFC (Movimento Familiar Cristão) movimento trazido para o Maranhão pelo arcebispo Dom José Delgado, e padre Sidney, tendo o casal  assumido a direção em 1962, com a orientação do saudoso Padre Mohana, que muito contribuiu para  vivencia e espiritualidade conjugal criando a mística do casal que participa junto dos atos religiosos,  assistindo a família, cursos de noivos e vivencia comunitária. 

Teve ainda seu nome ligado aos grandes movimentos que precederam o Concílio Vaticano II na década de 60, movimento de reforma da Igreja, que fez uma reflexão global sobre si e suas relações com o mundo. Foi chefe de Bandeirantes, por décadas, juntamente com dona Eney Santana, Iralda Viana, Helena Morais Correa, Helena Barros Heluy, e outras. Bandeirantes, é versão feminina de grupos de Escoteiros, organização internacional, levado a efeito por adultos voluntários, sendo um movimento educacional que tem como missão ajudar crianças e jovens a alcançarem o seu potencial com responsabilidade, vivencia e trabalho em equipe, vida ao ar livre, prática de caridade e serviço na comunidade. Infelizmente em decadência nos dias atuais.

-“As pessoas se firmam em seu meio por atos e atitudes. Aldacy se impõe por sua inteligência, por bondade, por sua capacidade de trabalho e pelo amor ao próximo principalmente se esse próximo é o idoso carente” afirma seu esposo, professor José Ribamar Nascimento.

-“Como voluntária da Caridade, mostrou que sua capacidade de doar-se não tem limite, seu amor ao próximo carente, seguindo a estrada traçada por Vicente de Paulo é contagiante e crescente, na convicção de que a pobreza maior é o desconhecimento de seus direitos e seu valor como pessoa” professor Nascimento.
 
Aldacy e Nascimento

AIC – associação internacional da caridade Há décadas, Aldacy é voluntária da AIC - Associação Internacional da Caridade( Damas da Caridade ou Voluntárias da Caridade).     Para entendermos melhor a AIC. Ela foi fundada na França em 1617 por São Vicente de Paulo, e está  presente em 52 países, tendo como  objetivo trabalhar contra todo o tipo de pobreza e exclusão social,  como atendimento a idosos, criação de albergues para enfermos, aidéticos, clubes de mães carentes, acompanhamento de educação básica de saúde e higiene e outros. Com o  lema” Educar para sair da pobreza.

No Brasil a AIC foi fundada em 1854 no Estado da Bahia a “Casa da Providencia”, prédio doado por D. Pedro II, com abrigo para idosos. Em 1994 em uma Convenção em Belém com o título “Convenção Interamericana para Prevenir e Erradicar a Violência contra a Mulher”  foi iniciado o projeto da Lei “Maria da Penha” de setembro de 2006.Aldacy Raposo foi eleita em Assembléia Internacional no México,  para integrar o Comitê Executivo Internacional, composto por 16 membros, que se repete a cada 8 anos. Em 1995 foi eleita para Presidente da AIC Nacional. Atualmente é responsável pela formação dos Membros da Associação, no  Brasil.
 
Aldacy em frente à gruta do seu sítio no Maracanã

Aldacy ministra cursos de formação de líderes, escreve para várias revistas entre elas: AIC – Brasil em Revista e Informativo AIC – Brasil. Está elaborando um trabalho, voltada em defesa da mulher, no combate à violência, em contribuição as Políticas Públicas  colaborando com o Poder Público em suas obrigações sociais.Ela é incansável, administra a casa, a família, o seu sítio no Maracanã que é ponto de encontro da família e dos amigos. Gosta de viajar e ser útil.Está organizando a doação de mais de 500 livros para as bibliotecas de Itapecuru.
 
A ilustre itapecuruense está encaminhando proposta à Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes  AICLA, pleiteando fazer parte do Sodalício como Membro na categoria de Correspondente  e assim dar sua contribuição tanto no âmbito social como cultural da sua terra natal.

Jucey Santana 
É Membro da AICLA, cadeira nº 17
Informações: 98 88117455/ 9145 7926