"SERÁ QUE NÃO SERVIMOS PARA NADA?”

Retomados os trabalhos na Câmara de Itapecuru

Foram alguns meses de licença, mas nossos nobres vereadores, como eles mesmos fazem questão de defender, não abandonam o seu povo. Logo, na manhã de quinta-feira (18 de fevereiro), a Câmara Municipal deu início ao seu ano legislativo, com direito a execução do hino nacional e sem presença ou mensagem do Poder Executivo. Agora começa o último e mais importante período desse mandato. Ano que vem, na primeira sessão, muita coisa nova será vista. É esperar para ver.

Num encontro que contou com todos os vereadores e que se limitou a um pronunciamento de cada, sem direito a aparte, José de Arimateia de Brito (PT) foi o primeiro a fazer o uso da palavra. Ele lamentou o caso dos hospitais ao redor do país, a calamidade da saúde pública. Depois de muito explanar, foi aí que ele finalmente voltou sua fala ao município de Itapecuru-Mirim, se dizendo entristecido com o caos da segurança pública e um recente assassinato ocorrido no bairro da Torre. O mesmo pediu que a polícia investisse na averiguação. 

Edna Teixeira Martins (PC do B) questionou o que os vereadores estão fazendo pelo diferencial em Itapecuru-Mirim? Relatando que há sim um poder de mudança nas mãos dos legisladores, ela admitiu que o Hospital Regional Adélia Matos Fonseca encontra-se sufocado, mas elucida que ele está sendo a única solução para a saúde no município, quando poderiam haver mais. “O hospital recebe muitos pacientes porque os postos de saúde estão fechados. Vamos atrás de recursos. Recebemos denúncias de que auxiliares operacionais de serviços diversos (AOSDs) estão fazendo atendimento”, disse a vereadora, que cobrou que os demais edis façam visitas. Sobre as críticas, ela diz acreditar que a intenção é atingir lideranças políticas locais e não o Governo Flávio Dino.

Sobre a questão da educação, Edna esclareceu que a classe não está em greve, já que cabe ao sindicato deflagrá-la. “Estamos exigindo os resíduos do FUNDEB. Votamos para não irmos na Semana Pedagógica. O próprio secretário Pedro Everton nunca participou”, afirmou a vereadora, que disse que o Prefeito Magno Amorim se recusa a receber os líderes dos professores, mas mesmo assim ainda haverá insistência por parte deles. “Ele não nos ouve. São R$ 2.300,00 por direito para cada professor. Nós aceitamos receber a falta pelo evento recente, mas também vamos avaliar as contas do Carnaval. Quero que ele preste contas pelo R$ 1.400.000,00 do carnaval”, concluiu.

Como de praxe chamando muito a atenção em seu discurso, José Carlos de Araujo Vieira Junior (PTC) lembrou de fatos ocorridos no período do recesso. “Ataquei, ataco e atacarei o Ministério Público”, disse ele ao relatar que participou de uma manifestação em frente a Prefeitura Municipal cobrando satisfação por parte do Prefeito por conta dos salários atrasados dos professores. Carlos Junior garante que não criticou a vida pessoal de nenhuma promotora, mas lembrou que, enquanto vereador, tem imunidade parlamentar e não pode ser processado por conta de suas opiniões, mesmo quando há excessos. “Eu cumpri o meu papel. Se o Ministério Público cumprisse o dele, Magno Amorim já teria sido afastado. Se o Ministério Público cumprisse o papel dele, escolas não funcionariam em prédios impróprios”, elucidou o líder da oposição, que, sobre a moção de repúdio recebida, disse que os aliados do Prefeito festejaram a mesma, mas ficam quietinhos quando o chefe do executivo municipal recebe processos de improbidade administrativa.

Carlos Junior ainda citou um site que apontava um desentendimento entre ele e o Deputado Federal Junior Marreca, que, segundo a matéria, não apoiaria uma candidatura do vereador a Prefeitura. O líder da oposição nega pretensão em ser Prefeito de Itapecuru, mas se viu na obrigação de concordar em algo: O deputado está passando por cima de todo o seu grupo. “Ele está querendo impor um candidato que há muito tempo nem mora aqui”, disse ele, que decidiu parafrasear o empresário Jaime Ferreira Neto com a seguinte indagação: “Será que não servimos para nada?”. Ele critica Junior Marreca por estar ditatorialmente apontando um morador do município de Balsas (ele não citou o nome) como futuro Prefeito, sem ao menos pedir a opinião do grupo ligado a ele e ainda querer que todos subam nesse palanque. “Será que nenhum vereador tem capacidade em ser o candidato? Será que Rogério Maluf ou Sebastiana, com toda a sua história, não poderiam ser o candidato? Só servimos para dar apoio e não opinar?”, questionava-se o oposicionista, que afirma que decisões não estão sendo tomadas pelo grupo, e sim por uma única pessoa que só liga para o poder. Apontando o fato como uma falta de respeito, ele ainda completou: “Chega de aceitarmos imposições. Chega de sermos maltratados”.

Sobre os próximos meses, Carlos Junior disse que se Magno Amorim receber mais de 3 mil votos na eleição, ele irá dizer que o povo merece taca. “Postos de saúde abandonados, professores com salários atrasados, escolas em barracões, pontes inacabadas”. Após esse comentário, ele lembrou que daqui a pouco tempo, o Secretário Municipal de Infraestrutura e Urbanismo Wilson Ayres retornará ao seu cargo de vereador. Sobre isso, afirma: “Sempre quisemos convocá-lo para dar explicações, mas ele nunca veio. Ele está que nem o Ribamar Alves (Prefeito de Santa Inês) que governa de dentro de Pedrinhas. Acho que o Wilson governa de casa, pela internet. Mas ela está voltando e aí vai começar a pancadaria”, concluiu o líder da oposição, que recebeu o apoio da vereadora Edna: “O que é dele está guardado”.

Essa foi só a primeira sessão do ano. Tem muita polêmica e discussão pela frente, neste último ano de um dos mais intensos e polêmicos mandatos da história do Poder Legislativo de Itapecuru.    

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