Itapecuruenses notáveis ( Cônego José Albino Campos Filho)

                                   Exemplo de Fé e Empreendedorismo
         Padre Albino, era oriundo de São Vicente de Ferrer cidade da baixada maranhense distante 260 quilômetros da capital, localizada entre São Bento e São João Batista.                  
         Nasceu em 04 de fevereiro de 1922 e faleceu 24 de janeiro de 1970. Filho de José Albino Campos, fazendeiro, e Maria Sodré Campos.  Fez seus primeiros estudos no colégio interno de São Bento*, que era administrado por religiosos, daí a origem de sua vocação. O câncer interrompeu seus projetos ceifando-lhe a vida aos 48 anos.  
        Ordenou-se no Seminário Santo Antônio aos 24 anos, seu amigo e companheiro de ordenação foi Cônego Ribamar Carvalho, reitor por muitos anos da Ufma e que  o convidava constantemente para lecionar filosofia naquela universidade.
        Foi vigário de sua terra natal São Vicente de Ferrer, depois esteve no Hospital Geral e Santa Casa  da  Misericórdia,   que eram administrado por instituições religiosas na época, dando apoio espiritual aos doentes e servidores e aos vinte nove anos foi encaminhado  para Itapecuru, em substituição ao padre Alteredo.
        Esteve à frente da Paróquia de Itapecuru Mirim durante 19 anos de 1951 à 1970  e se destacou pelo seu caráter popular,  trabalho de evangelização, com habilidade, ética e espírito empreendedor. Sempre na defesa da justiça social
          Há relatos de que a escolha se deu, pelo seu carisma, poder de persuasão., e habilidades em contornar  situações em crise.
         Itapecuru Mirim, com quase de 200 da história na época, crescia de maneira vertiginosa, suas principais festas religiosas continuavam sendo administradas por  famílias influentes. A Festa de São Benedito a mais importante era organizada pela família Buzar*  e a festa da  Santa Cruz pela família Nogueira. Uma das missões de Padre Albino, era que a igreja assumisse essas festas.  Não só o padre conseguiu os objetivos como se tornou grande amigo das famílias que foram as maiores colaboradoras da Paróquia. Aliás, a sociedade em peso se aliou e ajudou nos empreendimentos da Paróquia. O Padre Albino tinha o dom de atrair, juntar, unir, e foi isso que fez, unificou com amor e sabedoria a população itapecuruense.
          A sua vida era pautada na promoção humana, na educação, na melhoria de vida da comunidade, e a integração da igreja com todas as camadas sociais sem distinção. Movimentava-se bem com a classe dos políticos sem fazer política partidária.
         Ele encomendou a dois vigários, Padres Luis Gonzaga Madureira e Videi Vergara , a elaboração do Hino de Nossa Senhora das Dores  que foi cantado pela primeira vez em 16 de setembro de 1956. A torre da igreja havia caído, e foi reconstruída em tempo recorde, com a ajuda da sociedade e ordens religiosas. Em 1º de janeiro de 1965 na grandiosa festa de São Benedito houve a bênção da nova torre da Igreja em festa belíssima na presença da população e autoridades convidadas especialmente para o evento.
        Passaram pela prefeitura durante a sua permanência à frente da paróquia, João Rodrigues, em dois mandatos, Abdala Buzar e Sinéias Santos, e ele sempre conviveu bem com todas as idéias, com as portas da igreja aberta a todos sem distinção. Ele sempre dizia:
      - A casa paroquial deve ser  a primeira a abrir e a última a fechar, porque é a casa do povo.
Na sua época a igreja fervilhava, de fies, todos felizes com seu dirigente espiritual. Grupos atuantes: Centro do Apostolado da Oração, Confraria de São Vicente de Paulo, a Irmandade de Nossa Senhora das Dores, Zeladoras do Coração de Jesus, as Filhas de Maria, entre outros.
     Ele cadastrou a Paróquia na Cáritas , entidade da igreja católica que coordenava o programa de alimentos doados pelo governo norte-americano, como  práticas  na intervenção pela pobreza. Então, uma vez por mês eram distribuídos leite aos mais necessitados.  As pessoas chamavam “o leite do padre”
      Padre Albino iniciou em 1953 uma pequena escola na própria casa paroquial, tirando sua privacidade e enchendo o corredor, a sala e demais cômodo de crianças, que na sua passagem se levantavam e pediam à bênção.  E quando não se falava ainda em merenda escolar, já seus alunos tinham leite e mingau como merenda. No final do ano ele homenageava os melhores alunos com um almoço na casa paroquial, como meio de incentivo** aos estudos.
     A escola cresceu tanto com mais de 100 alunos, e como seu  sonho era construir uma grande escola, começou a construir em terreno da igreja,  com  ajuda da comunidade, e entidades religiosas, principalmente os Vicentinos que eram  muito atuantes, a nova escola.
   A Escola Paroquial São Vicente de Paula, foi entregue ao povo, com uma programa de educação aprimorado, na Avenida ao lado da Igreja.  Pouco tempo depois parte da escola desabou. Fala-se que a estrutura lateral foi construída em cima de um poço antigo, sem o aterramento apropriado, sendo logo em reerguida  não sofrendo  descontinuidade em seu programa.  Assim era o padre, empreendedor, buscava recursos onde quer que fosse, mas tudo fazia pela educação.
      Com a criação do programa “Ginásio Bandeirantes” por volta de 1968, pelo governo, que a grande maioria dos municípios aderiu, em Itapecuru foi recusado pelo então prefeito Sr. João Rodrigues, mesmo este sendo professor. Padre Albino, então às pressas cadastrou a Escola Paroquial no convenio do Estado, assumiu a responsabilidade, sendo seu primeiro diretor. Com um corpo docente de primeira grandeza: Professor Astor  Marques, Maria das Dores, Alzir Carvalho, Dr. Fernando e outros.  Também foram diretores do Ginásio Bandeirantes: Padre Benedito, Dr. Fernando... Em 1979 o Colégio passou a ser Cema.
       Das 4 grandes missões, ao  estilo antigo em Itapecuru que ficou para história,duas foram na época do padre Albino:  em 1955 levada a efeito pelos padres da congregação Redentoristas quando foi colocada o cruzeiro em frente ao DER, e em 1962  pelos missionários Lazaristas.
      As Missões são eventos de mobilização maciça e intensiva dos fiés, para o crescimento da igreja. com o objetivo de avivar-lhe a fé e a vida cristã e impulsionar a vida comunitária nas comunidades paroquiais e comunidades eclesiais. O Padre estava sempre requisitando esses eventos.
      Na época da administração do Padre Albino, dois grandes eventos importantes aconteceram, o primeiro foi de âmbito nacional, a implantação da ditadura militar no pais, onde os políticos, com ideais democráticos, jovens intelectuais e o clero entre outros  foram perseguidos, exilados, o Padre Albino, tinha uma dimensão superior, continuou seu trabalho com benquerença .
       O segundo que alterou a estrutura da igreja, foi sem dúvida a reforma religiosa que aconteceu na década de 60, o Concílio Vaticano II, que mexeu nos dogmas da igreja,  a missa antes em latim passou a ser celebrada na língua pátria, o padre passou a celebrar de frente para os fiés entre outros. O padre Albino soube contornar esses acontecimentos  com serenidade, e sabedoria, sem criar conflitos, sem alardes, sabendo passar tranqüilidade a população. 
      Em Itapecuru na época existia um grande coral, com vestuário adequado, que se postava no alto (coreto) e cantava em latim (gregoriano) era comovente, exemplo de trabalho e dedicação de um vigário.
       O Banco do Brasil ia abrir sua agencia em Chapadinha, por ter maior população que Itapecuru. Porem Padre Albino,*** que era primo  do diretor Regional do Banco, Sr. Agenor Fernandes,  conseguiu intermediar em favor na nossa terra, e ainda intercedendo para que  o seu primeiro  gerente fosse de Itapecuru, o que sucedeu, assumindo o Sr. Astor Marques Serra na direção da Agencia, lembrando ainda que o terreno para o banco foi cedido pela Paróquia.  Também o terreno do correio também foi doado pela Paróquia. Tudo ele fazia para o progresso da cidade.
         A energia elétrica era precária e o padre como sempre, preocupado com os estudantes dos turnos noturnos, e sendo o prefeito  contra o governador, sem muito acesso ao Palácio dos Leões,  solicitou ao  comandante do Exercito general Raimundo Rivas de Carvalho Lima, que tinha uma fazenda em Quelru onde ele celebrava missa, que intermediasse a aquisição de um gerador maior para que a iluminação ficasse até mais tarde, beneficiando os estudantes. Pleito atendido.
        A Estrada de Tingidor, foi  aberta por mutirões de lavradores, organizadas pelo padre, para o escoamento do arroz, que tinha grande demanda na região, ele incentivava a formação de cooperativas, associações e assentamentos rurais
        Quando da transladação do seu corpo para Itapecuru, foi decretado feriado  local,e a população  em peso se fez presente na entrada da cidade para o acolhimento dos seus restos mortais. Foi sepultado, com honras de Estado, com autorização de  Dom Mota, arcepispo na época,  para que fosse enterrado  na igreja que tanto amou.
Ob:
1 - *Colégio que fez os primeiros estudos,  também  estudou o presidente, José Sarney, que foi seu grande amigo, inclusive o convidou a ser prefeito várias vezes, e sempre declinava do convite.
2. **O prefeito Abdala Buzar  católico convicto,  grande  devoto de São Benedito, e chegou a  batizar o filho com o nome do santo, foi mantenedor do festejo de São Benedito e grande colaborador da Paróquia. E Abdala Buzar e Albino Campos fizeram muito pela a grandeza desta igreja.
3.  ***José Ribamar o" Zezão" . Que quando foi convidado para o almoço com o Padre, vestiu sua primeira calça comprida e precisou treinar comer de talher para - "não fazer feio na frente do padre”.  Dizia sua mãe, dona Margarida.
4 -**** Depois de Padre Albino, grande número de crianças de ambos os sexo, foram batizadas, com o nome do padre, em sua homenagem.
Texto:Jucey Santana
Postagem da Matéria/ Alvorada é Noticias