NOSSA HISTÓRIA E NOSSA GENTE...

 
FESTA DA CRUZ
                                      
A família Nogueira de origem portuguesa, católica convicta, sempre foi a responsável  pela festa da Cruz  realizada  em meado do o mês de outubro em Itapecuru Mirim. Da união da família Nogueira com a família dos Sitaros (italianos), os  Bezerras (português), cearenses e  afro descendentes, que  se entrelaçaram  por vínculos familiares e na  religiosidade, as pessoas agregadas à família Nogueira, passaram a ter  comprometimento,  e entusiasmo como co-responsáveis, pelo brilhantismo do evento, ensejando  melhorar ano à ano a tradicional Festa Campal.
“ A Festa da Cruz já acontece à muito tempo,  lá pelo final do século XIX já existia”  confirma Jamil Mubarack.  Para entendermos melhor vamos nos situar ao Itapecuru do final do século XIX.:
             
As principais ruas da cidade eram: Rua Caiana, hoje, Av.Brasil;,  Rua do Sol,  atual Prof. João Rodrigues;  Rua do Egito, ( libaneses),  atual Cel. Catão; Nilo Peçanha, em frente da Cadeia, e o Caminho da Boiada, que era a principal, que desciam as boiadas que vinham do Piauí, Chapadinha, Vargem Grande, Vila da Manga (Nina Rodrigues), se deslocando para São Luis, descendo a ladeira para atravessar o rio. Em 1912 o prefeito Chico Sitaro construiu a rampa, facilitando o acesso da travessia para os animais e para os viajantes iam tomar o bonde
            
“A cidade de Itapecuru Mirim foi umas das mais progressistas, cidades de interior, do Estado do Maranhão. Teve muitos nobres fidalgos, barões abastados, entre descendente de portugueses, italianos, irlandeses, ricos latifundiários libaneses, a exemplo disso, foi a única cidade do interior  maranhense que teve o bonde, com tração animal, como meio de transporte de famílias ricas”. Conta a professora itapecuruense Aldacy Raposo.

A Praça da Cruz ficava na confluência da Rua do Egito, de movimentado comercio com o Caminho da Boiada, que era passagem de todos. Nos reportando `a história; os portugueses, nos primórdios, em toda cidade conquistada ou simplesmente aportada, imediatamente era fincada uma Cruz, o símbolo maior do Cristianismo. A exemplo temos o próprio descobrimento do Brasil, quando os descobridores plantaram a Cruz, dando-lhe o nome de Ilha da Vera Cruz... no Maranhão a cidade de Primeira Cruz, colocada a Cruz por Jerônimo de Albuquerque, o  Outeiro da Cruz, a cruz dos vitoriosos portugueses, entre outros... Assim os Nogueiras desde que aqui chegaram,  quiseram logo marcar nossa cidade com a Cruz,  porem no lugar da praça em frente da casa da família, era  uma lagoa que chamavam de Cuvão, então a Cruz foi colocada mais no alto, na hoje praça da prefeitura. Depois do aterramento promovido por Chico Sitaro auxiliado por moradores da área, a Cruz ficou no local  que se encontra até os nossos dias.

Na administração de Bernardo Tiago de Matos, (1942 a 1945), foi construída a Prefeitura Municipal, o Grupo Escolar Gomes de Sousa, as Avenidas Gomes de Sousa e Caiana atual, Avenida Brasil, e a praça onde eram realizado todos os eventos festivos e cívicos, ficando então uma área maior, beneficiada, contribuindo  para maior brilhantismo à  festa da Cruz.

Os evangélicos ao construírem suas igrejas ao redor da Praça da Cruz, solicitaram ao então prefeito Dr. Miguel Lauande a mudança de nome da praça e sua destinação para outros eventos próprios, o que foi negado pelo prefeito,dizendo: “ A Festa da Cruz faz parte do calendario religioso e da cultura da cidade, portanto precisa ser preservada” 

Mesmo com  o passar dos anos a família Nogueira continua integrada na organização da Festa. Apesar de residirem fora de Itapecuru, cada qual cuidando dos  interesses pessoais, a casa da família na praça da Cruz continua abrindo em outubro, quando a família se reúne em Itapecuru para celebrar  a Festa.

“ É precioso revelar que o lado do sentimento de alegria que nos envolve, por mais um  ano de realizaçõa da Festa da Cruz, e por mais um ano em nossas vidas, uma profunda saudade se manifesta, quando em outubro  relebramos toda a historia da Festa da Cruz, lembranças que se misturam com a nossa própria história” diz a Professora Socorro Nogueira.“ Eram dias venturosos” lembra Cochita Nogueira. 

Socorro Nogueira relembra saudosa o ápice da Festa da Cruz nas décadas de 1920/60  pelo que contavam os familiares mais antigos, quando foram responsáveis: a tia Eunice Bezerra,  a avó Raimunda Sitaro Bezerra, Mariquinhas Bezerra e Chico Nogueira, seu pai que ficou com a responsabilidade até inicio dos anos 70.
  
“Com o falecimento do velho Chico Nogueira em 1972, a festa entrou em declínio. Por alguns anos não conseguimos realiza-la. Vive-se a partir de então um novo momento de sua história, pela questão da nossa residencia fora de Itapecuru. Mas a missão continua. Maria Hilda assume o posto do pai, com a ajuda de Ribinha Nogueira. Hoje já é Zezé que chega primeiro para abrir a casa e com o Evaldo começa a anuciar a festa, conversar com o vigário e tomar as providencias, na retaguarda todos da família que ficou maior, todos ajudam de alguma forma, se quotizam para fazer face as despesas necessarias” Socorro Nogueira

Com a chegada do todos no sábado, o clima faz voltar ao que era antes. A alegria por mais uma festa da Cruz que se realiza, com toda a tradição com ladaínhas, terços, Missa Campal Solene, Batizados, Procissão, fogos da artifício e toda a beleza do passado, que deve ser preservada. A família itapecuruense tem o maior apreço e gratidão a família Nogueira,  mantenedores da FESTA DA SANTA CRUZ até os nossos dias..
     
     Jucey Santana